Pensar Portugal Hoje Dom Quixote. 1971

O seu primeiro livro, Pensar Portugal Hoje (D. Quixote, 1971), uma colectânea de artigos cuja primeira edição de 3000 exemplares se esgotou num mês, foi uma obra central para aqueles que, contra ou nas margens do regime, ansiavam pela modernização e pela democracia.
“O João Martins Pereira tinha uma enorme capacidade analítica e uma grande capacidade crítica e o Pensar Portugal Hoje era uma proposta de reflexão do país, à esquerda", diz João Cravinho. "O livro tinha uma conceptualização ideológica forte, mas não era um livro de chavões, não fazia as leituras que na altura eram as convencionais na esquerda. Era um livro aberto, com uma grande frescura analítica, que se opunha àquelas ortodoxias que às vezes não tinham grande apoio na realidade. Não era um livro a preto e branco”.


José Vítor Malheiros, Público, 15.11.2008

Publicado em Janeiro de 1971, em plena época marcelista, esgotou rapidamente os 3000 exemplares da 1ª edição e teve uma 2ª edição em Fevereiro desse mesmo ano. Não se conhece qualquer referência na imprensa, nem sequer publicidade ao livro (com uma excepção: figura como nº 12 da colecção “Diálogo” numa lista das publicações Dom Quixote saída na Seara Nova).


O primeiro texto deste livro, “A Longa Descoberta do Caminho Marítimo para a Europa”, tinha sido anteriormente publicado na revista O Tempo e o Modo (1969, nº 73) e tinha suscitado ampla discussão.

Pensar Portugal Hoje. Dom Quixote. 1979

Em 1979 teve uma 3ª edição, que inclui um prefácio e três novos capítulos.


Interroguei-me seriamente (e, obviamente, o editor) sobre a oportunidade de publicar uma nova edição de um texto demasiado datado, cujo campo de observação era o Portugal no início dos anos Setenta. E não me foi finalmente difícil concluir que, se houve altura, após o 25 de Abril, em que tal reedição se justificasse, essa era precisamente o período que agora atravessamos. Com efeito, em condições económico-sociais substancialmente distintas, o III Governo Constitucional e em muito menor medida o actual são os novos portadores do projecto que germinou ao tempo dos “tecnocratas” marcelistas, e de que o Pensar Portugal procurava traçar as linhas de força, e as fraquezas também.


Certo era que, porque justamente as condições são outras, se tornava indispensável fazer a ponte entre o projecto então enterrado e o projecto hoje renascido. Daí que me tenha proposto escrever um texto adicional em que, através do exame do que entretanto ocorreu, se possa compreender as razões essenciais por que, sendo aparentemente o mesmo projecto, e os mesmos muitos dos homens que o incarnam, na realidade o não são, nem um nem outros.

JMP, Prefácio à 3ª edição de Pensar Portugal Hoje

 


INVENTÁRIO TOPOGRÁFICO


Caixa EL1*

Pasta 1, org. por JMP


Pensar Portugal Hoje. 1971. 1ª edição. Inclui:

Versão manuscrita e dactiloscrita com acrescentos e emendas do autor. [ca 1971]; 106 f. Inclui um “Esquema geral do texto” (3 f.)

 


Pensar Portugal Hoje. 1979. 3ª edição. Inclui:

- Materiais preparatórios e versões do prefácio à 3ª edição:

Apontamentos manuscritos;

Recortes de imprensa (1977-1979);

Versões manuscrita e dactiloscrita [ca 1979];

- Correspondência com a editora Dom Quixote (Fev.-Mar. 1979).




* Espólio Literário